sexta-feira, 20 de abril de 2012

Gasolina



Ao longe vejo a fumaça, sinto o cheiro de fogo, os gritos, a carne a queimar... Os sentidos tornam-se aguçados quando a noite cai e as trevas tomam conta, é o inferno interior mostrando seus traços ao que vier, são os pensamentos cada vez mais intensificados no que pode ser, a imaginação fluindo de forma monstruosa quanto a forma vutuosa que mal reflete onde penso ser o espelho.
No escuro os medos ganham formas, a ausência de luz faz das sombras um lugar confortável para a minha visão, mas não é tão boa para o centro esquerdo do peito, ele amarga dores, guarda sentimentos que não devem ser explorados, ardem de forma que nenhum animal que tem a alma atravessada e servida num ritual de chamas sentem... E tudo isso acontece em poucos segundos.
O corte ainda não cicatrizou, mas talvez o fogo cauterize toda a dor, apague o gosto amargo que fica no paladar, a falta de uma vida que se foi ou que virá ou o que será? Para quem será? O que há de ser?
Talvez não seja preciso pensar muito, sentir tanto, deixar corroer... Apagar aos poucos nunca foi o forte de quem gosta de viver em extremos e se for pra cair... Joga gasolina e toca fogo pra ver se para.

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