quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Líquido


Pontos, luzes, solidão...
Amargo gosto metálico que vem desse líquido imundo que não percebo ao certo a cor ou que diabos tem dentro para que faça esse gosto embriagante, viciante, mas ainda assim ruim. Não permaneço a beber isto por vício, gole após gole saboreio dessa bebida que anuveia e enebria o meu modo estranho de pensar.
Analiso o céu e vejo formas que me atraem e me fazem voltar aos tempos de muleque a sonhar vendo as nuvens que tanto eu quis tocar, que tanto me banhei com seu choro e acabei percebendo que elas não eram de algodão.Foram derrubadas as minhas tamanhas ilusões, foram derramadas as minhas tão fiéis crenças e me encontro aqui, sem saber ao certo o que tenho feito, sem perceber o quanto eu tenho dormido, sem ver o tempo passar enquanto estou a beber o tal liquido rançoso que me foi empurrado como cura...
As pessoas passam, o mundo gira, as luzes se apagam, o bar fecha, a mosca voa livre, as senhoras resmungam, os bêbados caem, aves voam, poetas escrevem, crianças na rua brincam, tudo muda de lugar, cidades crescem, "milagres" acontecem e eu...
Eu permaneço aqui, no mesmo lugar o qual bebo a minha cura líquida que me faz um louco aos olhos de quem vê.

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